quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Intuição

"A intuição é a faculdade que permite aceder a uma sabedoria íntima, real e essencial, adveniente do contacto directo com o âmago, com a realidade, com a natureza íntima dos seres e dos fenómenos. Tal só pode ser concomitante da vivência de um Amor inegoísta, forte, lúcido e que não se confina à própria pessoa e ao que lhe está próximo; de um Amor transpessoal, vigoroso, desinteressado, e dirigido ao Todo em cada uma das suas partes.
A intuição representa a fonte do verdadeiro discernimento entre o Bem e o Mal, entre a Verdade e o Erro, entre o Certo e o Incorrecto, e a possibilidade de uma sabedoria real e transtemporal (distinta de um conhecimento superficial e baseado na sempre mutável ilusão sensorial). Ela implica um prévio e diligente desenvolvimento mental, pelo menos para que possa tornar-se confiável e relativamente frequente. No entanto, a simples actividade analítica e de coligação de factos, própria do intelecto, não propicia essa clareza exacta, esse conhecimento certeiro e fulgurante, essa penetração na realidade essencial do Universo, essa luminosa consciência espiritual, essa compreensão unificadora e abarcante próprios da Intuição.
A intuição é o traço de união entre o pessoal e o universal, o diverso e o uno, a matéria e o espírito; é o entendimento que é beleza e que é ciência, que é certeza e que é criatividade, que é poder e que é serenidade, que é permanência e que é descoberta.
É ela a força do pioneiro, a inspiração do génio, a fulgurância do criador: na Arte como na Ciência, na Religião como na Filosofia, na Política como em qualquer outro domínio em que o esforço de conhecimento, de progresso, de criatividade, de aperfeiçoamento e de serviço ao bem geral possa ter lugar. Uma enorme lista dos maiores vultos da História da Humanidade deixou expressamente afirmado que a intuição foi a luz fulgurante que lhes abriu o caminho para o mais importante das suas obras.
Face ao exposto, compreende-se que a verdadeira Intuição constitua algo de ainda relativamente raro na Humanidade, sendo lamentável que se vulgarize a referência a esse vivido quando estão somente em causa premonições, pressentimentos, instintos, “sensações muito fortes”. Chegar a ser realmente intuitivo é o resultado de um longo e persistente esforço evolutivo, que pressupõe um grande desenvolvimento mental prévio - não apenas nos seus níveis de concretude mas também nos mais subtis. A Natureza não opera por saltos e não se passa directa e consistentemente da emoção pessoal para o Amor-Sabedoria transpessoal (Intuição) sem que esteja bem consolidado o grau intermédio - ou seja, o Mental".
JMA, Biosofia nº 14

Post by: Eneida

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